A Coordenadora da Coordenadoria
de Gestão da Educação Básica (CGEB), considerando a necessidade de estabelecer
procedimentos a serem observados na escolarização de alunos com deficiência visual, matriculados
na Rede Estadual de Ensino, de que trata a Resolução SE 61/2014, expede a
seguinte Instrução:
1- DEFINIÇÃO DE DEFICIÊNCIA VISUAL
As deficiências se apresentam definidas nos
Decretos Federais 3.298/1999 e 5.296/2004.
Segundo a alínea "c", do §1º, do artigo
5º, do Decreto Federal 5.296, de 02-12-2004, são consideradas pessoas com
deficiência visual as que apresentam:
1.1- cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou
menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica;
1.2- baixa visão, que significa acuidade visual
entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica;
1.3- os casos nos quais a somatória da medida do
campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o;
1.4- a ocorrência simultânea de quaisquer das
condições anteriores.
2- FORMAS DE ATENDIMENTO PEDAGÓGICO ESPECIALIZADO
(APE)
O Atendimento Pedagógico Especializado (APE),
disponibilizado aos alunos com deficiência visual, matriculados em classe
comum, será garantido sob a forma de:
2.1- Sala de Recursos;
2.2- Atendimento Itinerante.
3- MATRÍCULA
A matrícula de alunos com deficiência visual em
unidades escolares da Rede Estadual de Ensino seguirá os trâmites definidos
para todos os alunos em idade escolar. A caracterização
dos mesmos como alunos com deficiência visual
somente se configurará a partir da apresentação de avaliação médica
oftalmológica, com laudo assinado e carimbado pelo respectivo profissional.
3.1- MATRÍCULA EM SALA DE RECURSOS
No encaminhamento do aluno para o Atendimento
Pedagógico Especializado - APE, em Sala de Recursos na Rede de Ensino do Estado
de São Paulo, o laudo médico deverá compor a documentação a fim de se
garantir esse atendimento.
3.2- MATRÍCULA DE ALUNOS ORIUNDOS DE OUTRAS REDES
PÚBLICAS DE ENSINO
Alunos oriundos de outras redes públicas de ensino
poderão ser matriculados no Atendimento Pedagógico Especializado – APE, em Sala
de Recursos na Rede de Ensino do Estado de São Paulo desde que a rede de origem
não oferte esse tipo de atendimento.
4- ORGANIZAÇÃO DO HORÁRIO DE ATENDIMENTO PEDAGÓGICO
ESPECIALIZADO – APE
4.1 Tendo em vista o disposto na alínea b do inciso
I do artigo 3º, combinado com os incisos I, III, IV, V, VII, IX e X do artigo
9º da Resolução SE 61/2014, sugere-se que o professor com aulas
de Turmas de Sala de Recursos disponibilize 02
(duas) aulas das 10 (dez) aulas atribuídas, para a aplicação de avaliações,
elaboração de relatórios e demais atendimentos pertinentes à atuação do
professor especializado.
4.2 Orienta-se que o horário do professor seja
organizado de forma contínua, em aulas consecutivas (duplas ou triplas), para
atendimento do disposto na alínea "d", do inciso I, do
artigo 3º, da Resolução SE 61/2014.
5- AVALIAÇÃO INICIAL
Para estabelecer parâmetros de Atendimento
Pedagógico Especializado - APE aos alunos que apresentam surdez/deficiência
auditiva faz-se necessário que um professor especializado realize a avaliação
inicial, conforme Anexos I e II desta Instrução, a ser realizada no ato da
matrícula do aluno na Sala de Recursos, com reavaliação ao final de cada ano
letivo.
Para tanto, e à vista da natureza de ações
descentralizadas que caracterizam a operacionalização da educação inclusiva, a
equipe de Educação Especial da Diretoria de Ensino poderá contar com o suporte
das equipes multiprofissionais dos CAPE Regionais, em que todas são
constituídas por psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e
psicopedagogo. Os CAPE Regionais, atualmente, se apresentam organizados
em 15 unidades, a saber:
DIRETORIA SEDE ÁREA DE JURISDIÇÃO
Araçatuba: Andradina, Araçatuba, Birigui,
Fernandópolis, Jales, Penápolis, Votuporanga.
Caieiras: Caieiras, Carapicuíba, Itapecerica
da Serra, Itapevi, Osasco, Taboão da Serra.
Campinas Oeste: Americana, Bragança Paulista,
Campinas Leste, Campinas Oeste Capivari, Jundiaí, Limeira, Mogi Mirim,
Piracicaba, Sumaré, São João da Boa Vista.
Centro Oeste: Centro, Centro Oeste, Norte 1, Norte
2.
Franca: Araraquara, Franca, Jaboticabal,
Pirassununga, Ribeirão Preto, São Carlos, Sertãozinho, São Joaquim da Barra.
Guaratinguetá: Caraguatatuba, Guaratinguetá,
Jacareí, Pindamonhangaba, São José dos
Campos, Taubaté.
Itaquaquecetuba: Guarulhos Norte, Guarulhos
Sul, Itaquaquecetuba, Suzano, Mogi das Cruzes.
Leste 3: Leste 1, Leste 2, Leste 3, Leste 4,
Leste 5.
Marília: Avaré, Bauru, Botucatu, Jaú, Lins,
Marília, Piraju.
Santo Anastácio: Adamantina, Assis, Mirante
do Paranapanema, Ourinhos, Presidente Prudente, Santo Anastácio, Tupã.
Santos: Miracatu, Registro, Santos, São
Vicente.
São Bernardo do Campo: Diadema, Mauá, Santo
André, São Bernardo do Campo.
São José do Rio Preto: Barretos, Catanduva, José
Bonifácio, São José do Rio Preto, Taquaritinga.
Sorocaba: Apiaí, Itararé, Itapeva,
Itapetininga, Itu, São Roque, Sorocaba, Votorantim.
Sul 3: Centro Sul, Sul 1, Sul 2, Sul 3.
Mais informações poderão ser encontradas no link:
http:// cape.edunet.sp.gov.br/ (obs.: utilizar Internet Explorer como
navegador)
Caso, no processo de avaliação inicial realizado
pelo professor especializado ou mesmo no decorrer do atendimento ao aluno
público-alvo da Educação Especial na rede pública estadual, se fizer necessário
uma reavaliação da equipe multiprofissional do CAPE Regional, essa providência
deverá ocorrer mediante solicitação encaminhada à equipe de Educação Especial
da Diretoria de Ensino de origem do aluno.
6- PLANO DE ATENDIMENTO INDIVIDUALIZADO - PAI
Após a realização da avaliação inicial do aluno,
deverá ser elaborado o Plano de Atendimento Individual (PAI), conforme Anexo
III desta Instrução. O PAI representa um instrumento para definição de metas e
estratégias para atendimento dos alunos, a partir do processo inicial de
avaliação.
Deve nortear as ações de acesso e de habilidades na
Sala de Recursos, apontando o trabalho a ser desenvolvido com o aluno, a partir
de suas potencialidades e necessidades.
7- ADAPTAÇÕES DE ACESSO AO CURRÍCULO
As adaptações de acesso ao currículo são recursos
necessários para escolarização de alunos com deficiência visual com o objetivo
de preservar a equivalência de oportunidades e de materiais
didático-pedagógicos adequados ao desenvolvimento do currículo regular
desenvolvido na classe comum.
O trabalho de adaptação de acesso ao currículo para
os alunos com deficiência visual deve resultar da interação entre o professor
especializado da Sala de Recursos (ou Itinerante) e os
professores de classe comum.
Entende-se por currículo regular:
a) para os anos iniciais do Ensino Fundamental: as
expectativas de aprendizagem, sendo o ponto de partida para a adaptação de
acesso a rotina semanal e as modalidades organizativas;
b) para os alunos dos anos finais do Ensino
Fundamental e das séries do Ensino Médio, o ponto de partida para a adaptação
de acesso é o Currículo do Estado de São Paulo para as diferentes
disciplinas e seus materiais de apoio.
8- ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS DOS PROFESSORES
Dentre outras atribuições, o professor
especializado na área de deficiência visual deverá:
8.1- Atribuições específicas diretas
8.1.1- elaborar o Plano de Atendimento Individual –
PAI (Anexo III), para cada aluno que frequentar a Sala de Recursos de deficiência
visual;
8.1.2- favorecer experiências sensoriais e
perceptivas (auditivas, olfativas, gustativas, táteis e cinestésicas);
8.1.3- trabalhar com as atividades de vida
autônoma;
8.1.4- orientar a locomoção independente no
ambiente escolar;
8.1.5- orientar quanto à escrita cursiva para o
aluno cego;
8.1.6- ensinar leitura e escrita Braille;
8.1.7- ensinar a digitação padronizada;
8.1.8- promover situações que favoreçam o
ajustamento pessoal e social;
8.1.9- trabalhar com os equipamentos específicos e
com os programas específicos de informática;
8.1.10- desenvolver um programa de treinamento para
a visão subnormal/baixa visão;
8.1.11- ensinar as técnicas do soroban adaptado.
8.2- Atribuições específicas indiretas
8.2.1- preparo de material Braille;
8.2.2- adaptação de material em relevo;
8.2.3- ampliação de textos e provas;
8.2.4- transcrições de textos e provas para o
Braille;
8.2.5- transcrição de Braille para tinta;
8.2.6- gravação em MP3;
8.2.7- utilização do Mecdaisy ou qualquer outro
recurso tecnológico.
9- AVALIAÇÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL
A avaliação do aluno com deficiência visual
obedecerá aos mesmos critérios gerais, previstos no regimento escolar e nas
normas vigentes da SEE que dispõem sobre o registro do rendimento escolar dos
alunos das escolas da Rede Estadual.
As notas atribuídas deverão refletir o desempenho
escolar do aluno na ficha escolar.
Os alunos com deficiência visual poderão, quando
orientado pelo professor especializado ou pela equipe de Educação Especial da
Diretoria de Ensino, realizar as avaliações:
* em período estendido;
* de forma oral, com as respostas do aluno
registradas pelo aplicador da avaliação;
* em Braille;
* com caracteres ampliados;
* disponibilizadas em computador/notebook.
10- HISTÓRICO ESCOLAR
Os alunos com deficiência visual receberão o
histórico escolar definido pela legislação vigente destinado a todos os alunos
e terão certificação, seja ao final do Ensino Fundamental, seja ao
final do Ensino Médio.
11- TRANSFERÊNCIA
Nos casos de transferência do aluno dentro da
própria Rede, a escola de origem deverá encaminhar a avaliação oftalmológica,
bem como todos os documentos e relatórios do aluno,
seguindo as diretrizes e orientações oficiais da
Secretaria da Educação para a nova unidade escolar.
Os alunos transferidos de outras redes (particular,
municipal ou de outros Estados), com indicação de deficiência visual, deverão
apresentar a avaliação oftalmológica conforme Item 3
desta Instrução.
ANEXO I
Avaliação Inicial
DADOS GERAIS
Nome: ______________________________________
Data de nascimento: ___/___/______/
Idade: _______
Escola: _______________________________________
Ano/série: ________ Turno: ________
Tipo/grau de deficiência:
() visão subnormal/baixa visão () cegueira
PERCEPÇÃO VISUAL/TÁTIL
() ampliado () Braille
() contraste
() lupa de mão
() telelupa
() computador () fonte nº _____especificar:
() DOSVOX
() NVDA
() Jaws
AUTO CUIDADO
() independência/autonomia em relação à higiene
pessoal
(banhar-se, secar-se, lavar as mãos, etc.);
() independência/autonomia em relação ao controle
de esfíncter;
() independência/autonomia no ato de vestir-se e
alimentar-se.
INDEPENDÊNCIA NA LOCOMOÇÃO
() deslocamento com independência em casa, na
escola, na rua;
() independência e autonomia na utilização de
transporte;
() não se locomove com independência.
HABILIDADE SENSÓRIO-MOTORA
() imagem corporal;
() esquema e equilíbrio corporal;
() percepção e memória visual;
() percepção e memória auditiva;
() percepção gustativa, tátil, olfativa;
() orientação temporal;
() orientação espacial;
() habilidade motora.
LEITURA
() está no início da aprendizagem da leitura em
Braille;
() lê Braille com facilidade;
() lê utilizando uma das mãos;
() lê utilizando as duas mãos;
() reconhece os sinais de pontuação: todos();
alguns();
() lê com auxílio óptico;
() lê tamanho 24 sem auxílio óptico.
ESCRITA
usa reglete: sim() não()
usa máquina braille: sim() não()
usa computador: sim() não()
usa computador com sintetizador de voz: sim() não()
usa computador com ampliação de tela: sim() não()
usa soroban: sim() não()
____________________________ DATA: ___/___/____
Assinatura do(a) professor(a)
ANEXO II
Avaliação funcional
DADOS GERAIS
Nome: _______________________________________
Data de nascimento: _____/_____/_______
Idade: _______
Escola: _______________________________________
Ano/série: ________ Turno: ________
VISÃO SUBNORMAL/BAIXA VISÃO
Entrevista com os pais
Causa da visão subnormal/baixa visão:
___________________________________________
Idade do início das dificuldades visuais: ______
Modo de progressão da perda de visão (estacionário
ou evolutivo):
__________________________________________
__Patologia:
() hereditária () congênita () adquirida
ASPECTOS FUNCIONAIS DA VISÃO
1. utilizar materiais pedagógicos com contraste e
jogos adaptados com texturas e cores de maior contraste;
2. observar se o aluno prefere muita luz ou se tem
fotofobia;
3. realizar testes para ajustar o tamanho da fonte
a ser utilizada.
Observação:
É importante salientar que essas atividades e
avaliações devem ocorrer em contextos naturais e implicam recolher elementos
relativos à forma como a pessoa utiliza a sua visão em ambientes com condições
diferentes, ou seja, dentro da sala de aula ou nas outras dependências da
escola.
_____________________________ DATA: ___/___/____
Assinatura do(a) professor(a)
ANEXO III
Plano de Atendimento Individual – PAI
Mês / Ano: ___________________________
1- Identificação do Aluno:
1.1- Nome do Aluno:
___________________________________________
1.2- Data de Nascimento: _____/____/______
1.3- Ano/Série do aluno: _______
1.4- Escola de frequência em Sala Comum:
___________________________________________
1.5- Escola da Sala de Recursos:
____________________________________________
1.6- Nome do Professor Especializado:
______________
1.5- Diretoria de Ensino: _________________________
2- Descrição das habilidades já desenvolvidas pelo
aluno:
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
___________________________________________
3- Descrição das habilidades a serem desenvolvidas
pelo aluno a curto/médio/longo prazo:
____________________________________________
4- Descrição das habilidades a serem desenvolvidas
nas salas de recursos: a curto, médio e longo prazo:
____________________________________________
5- Atendimentos Educacionais Especializados: outros
acompanhamentos de que o aluno participa fora da escola:
____________________________________________
6- Levantamento de informações referentes aos
interesses do aluno:
____________________________________________
7- Estratégias:
____________________________________________
8- Materiais e Recursos:
____________________________________________
9- Observações Relevantes:
____________________________________________
Data: _____/_____/______
__________________________ _________________
Professor Especializado Professor Coordenador
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